Um trágico naufrágio no Lago Kivu, na República Democrática do Congo, resultou na morte de pelo menos 78 pessoas. O acidente ocorreu na quinta-feira, 3 de outubro, quando uma embarcação, que transportava 278 pessoas, virou no lago, de acordo com informações fornecidas pelo governador da província de Kivu. A principal suspeita é de que o barco estava superlotado, o que pode ter contribuído para o naufrágio. O governo local informou que as buscas ainda estão em andamento, e o número exato de vítimas só deverá ser conhecido nos próximos dias, à medida que mais corpos forem recuperados.
Imagens do momento do acidente foram capturadas por passageiros de outro barco que estava próximo. Nos vídeos, é possível ver o barco começando a inclinar-se para o lado, até que finalmente virou de cabeça para baixo. Testemunhas relataram que as águas estavam calmas no momento do incidente, mas a superlotação do barco provavelmente foi a causa predominante para o trágico desfecho. Conforme as buscas continuam, familiares das vítimas aguardam com angústia por notícias de seus entes queridos, muitos dos quais ainda estão desaparecidos.
A tragédia despertou comoção em toda a região. De acordo com relatos, familiares das vítimas se reuniram às margens do lago enquanto os corpos recuperados eram colocados em sacos e levados pelas autoridades. Segundo informações da agência Reuters, o barco já apresentava sinais de inclinação antes de virar, sugerindo que o acidente poderia ter sido evitado caso as normas de segurança tivessem sido seguidas. As investigações sobre o ocorrido estão em curso, e as autoridades locais estão tentando entender as causas exatas do naufrágio.
O acidente ocorreu a cerca de 700 metros do porto, um detalhe que torna o evento ainda mais chocante, dado que o destino da embarcação estava próximo. Um sobrevivente, Alfani Buroko Byamungu, de 51 anos, relatou à imprensa que o ambiente estava tranquilo antes do barco começar a virar. Segundo ele, enquanto o barco afundava, muitos passageiros, incluindo mulheres e crianças, lutavam para sobreviver nas águas. Byamungu descreveu a situação como desesperadora, mas conseguiu se salvar com a ajuda das tropas congolesas que realizaram os resgates.
Em hospitais locais, outros sobreviventes também compartilharam suas experiências traumáticas. A tragédia revelou mais uma vez as fragilidades nas condições de segurança das embarcações que circulam pela região. O Lago Kivu é uma importante rota de transporte para os moradores locais, especialmente em um contexto onde o acesso por estradas é frequentemente dificultado por conflitos armados e condições precárias de infraestrutura. No entanto, a falta de manutenção adequada e a superlotação das embarcações são problemas recorrentes, colocando em risco a vida de milhares de pessoas que dependem do transporte fluvial.
A situação precária na região de Kivu, afetada por anos de conflitos, também agrava a situação. Muitos dos passageiros a bordo do barco naufragado estavam fugindo de áreas de conflito em busca de segurança em outras partes da província. Um dos residentes de Goma, Mushagulua Bienfait, que perdeu três parentes no acidente, afirmou que essa tragédia é um reflexo direto da guerra em curso na região. Ele ressaltou que a falta de segurança nas estradas obriga os moradores a utilizarem o transporte por barco, mesmo sabendo dos riscos envolvidos. “Se as estradas fossem seguras, muitos não precisariam arriscar suas vidas dessa maneira”, disse ele.
Esse naufrágio expõe uma realidade complexa, onde a guerra, a pobreza e a falta de infraestrutura adequada se combinam para criar um ambiente extremamente perigoso para a população local. O governo congolês agora enfrenta pressão para investigar a fundo as causas do acidente e implementar medidas mais rígidas de segurança no transporte fluvial. Ao mesmo tempo, famílias em luto aguardam o fim das buscas e esperam por justiça para as vidas perdidas.