
Na última segunda-feira, 8 de setembro, o Brasil foi surpreendido pela notícia da morte de Marilha Menezes Antunes, de 28 anos. A jovem faleceu durante uma cirurgia estética realizada no Hospital Amacor,
em Campo Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O caso rapidamente ganhou repercussão nacional e acendeu um debate urgente sobre a segurança de procedimentos realizados em clínicas privadas.
Marilha, técnica de segurança do trabalho e mãe de um menino de seis anos, havia escolhido a lipoaspiração com enxerto nos glúteos como presente de aniversário. Familiares afirmam que ela estava saudável, havia feito todos os exames exigidos e confiava plenamente na equipe médica. Porém, o que deveria ser um momento de realização terminou em luto e revolta.
A confirmação da morte gerou comoção nas redes sociais e mobilizou autoridades de saúde e segurança. O episódio, marcado por indícios de falhas graves, levantou questionamentos sobre a fiscalização de clínicas e a real segurança oferecida a pacientes que buscam procedimentos estéticos no país.
Denúncias de negligência e irregularidades chocam familiares
Segundo relatos de Lea Carolina Menezes, irmã da vítima, houve demora no atendimento após complicações ocorridas durante a cirurgia. O Samu só foi acionado horas depois do início do procedimento, por volta das 18h13, quando Marilha já enfrentava um quadro grave de broncoaspiração seguida de parada cardiorrespiratória. Mesmo após 90 minutos de tentativas de reanimação, a jovem não resistiu.
A família acusa a equipe médica de negligência e denuncia que o centro cirúrgico não possuía condições adequadas para lidar com emergências. Durante as investigações, a Polícia Civil encontrou medicamentos vencidos no carrinho de parada cardíaca, fato que reforçou a suspeita de descaso. Duas gerentes da clínica foram presas em flagrante.
O caso está sendo acompanhado pela Delegacia do Consumidor (Decon) e pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj). Para os familiares, além da dor da perda, resta a luta por justiça e a esperança de que a tragédia sirva de alerta para que outras vidas não sejam ceifadas em condições semelhantes.
O desafio das clínicas estéticas e a busca por mudanças
O Hospital Amacor segue o modelo “One Day Clinic”, em que equipes médicas terceirizadas alugam espaços para realizar procedimentos. Embora a direção da clínica afirme oferecer infraestrutura com desfibriladores e carrinhos de parada, especialistas alertam que esse formato gera brechas de responsabilidade e dificulta o controle de qualidade.
Nos últimos anos, o Brasil tem registrado aumento expressivo no número de cirurgias estéticas, muitas delas realizadas em clínicas sem suporte hospitalar completo. O marketing agressivo e a facilidade de pagamento levam pacientes a se submeterem a procedimentos sem refletir sobre os riscos. O caso de Marilha reacende a necessidade de regulamentação mais rígida e fiscalização eficaz.
Sepultada no dia 10 de setembro, Marilha deixa familiares, amigos e um filho que agora cresce sem a mãe. Sua história não pode ser apenas estatística, mas um chamado à reflexão sobre os limites da estética. A luta por justiça e mudanças estruturais permanece, para que nenhuma vida seja sacrificada em nome de padrões de beleza.