
Miguel Fernandes Brandão, um adolescente de apenas 13 anos, iniciou seu dia como qualquer outro. Portador de rinite alérgica, os espirros frequentes não eram novidade. Contudo, o que parecia apenas uma crise comum rapidamente se transformou em um drama familiar devastador.
No decorrer daquele dia, Miguel passou a apresentar febre alta, o que preocupou seus pais. No dia 14 de outubro, um novo sintoma surgiu: uma alteração no paladar. O jovem relatou que os alimentos tinham um gosto estranho e que apenas a água parecia normal. Diante do quadro incomum, seus pais o levaram a uma unidade de saúde.
No hospital, a médica que o atendeu minimizou os sintomas, atribuindo a alteração do paladar à secreção nasal e liberando Miguel sem exames mais detalhados. Entretanto, na mesma noite, a febre retornou com mais intensidade e, na manhã seguinte, o adolescente já não conseguia andar devido à extrema fraqueza. Seu estado se agravava rapidamente.
O agravamento e a luta pela vida
No retorno ao hospital, Miguel já apresentava pele amarelada, extremidades arroxeadas e uma fraqueza avassaladora. Mesmo com esses sinais preocupantes, os médicos atribuíram o quadro a uma infecção viral, recomendando apenas hidratação e repouso.
Nos dias seguintes, novos sintomas surgiram: manchas vermelhas se espalharam por seu corpo, dores intensas na garganta e no tórax aumentaram seu sofrimento. A família insistiu em exames mais aprofundados, mas os médicos seguiram tratando como uma simples virose.
Na madrugada de 18 de outubro, a situação se tornou crítica. Miguel passou a suar excessivamente após a medicação, sua barriga inchou de forma anormal e sua coloração tornou-se ainda mais arroxeada. Quando a equipe da UTI foi acionada, o adolescente já apresentava sinais de choque séptico. Ele foi intubado, recebeu sondas e tratamento intensivo, mas a doença já havia causado danos irreversíveis.
Somente no dia 20 de outubro, quase dez dias após os primeiros sintomas, veio o diagnóstico correto: Miguel estava acometido por uma infecção bacteriana causada pelo Streptococcus pyogenes. A demora no tratamento levou a complicações severas, comprometendo seus rins, pulmões, fígado e cérebro. Seu corpo começou a apresentar necrose na pele e hemorragias internas. Mesmo com o uso de antibióticos, não houve reversão do quadro. No dia 9 de novembro, Miguel não resistiu.
Família busca justiça
Devastada pela perda, a família de Miguel agora busca justiça. A mãe do adolescente registrou um boletim de ocorrência, alegando negligência no atendimento médico. O caso será investigado para apurar possíveis erros na condução do tratamento e a demora no diagnóstico correto.
A história de Miguel é um alerta sobre os perigos das infecções bacterianas graves e a necessidade de atenção médica especializada. Para sua família, fica a dor irreparável da perda e a esperança de que outras vidas possam ser salvas por meio de um atendimento mais preciso e eficiente. A luta por justiça continua.