Durante sua visita ao Japão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se manifestou de forma contundente sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que tornou Jair Bolsonaro réu por tentativa de golpe de Estado. Em uma coletiva de imprensa realizada na noite de quarta-feira (26), pelo horário de Brasília, Lula não economizou palavras para criticar seu antecessor e enfatizar a gravidade da acusação.
“É evidente que Bolsonaro tentou um golpe. Mais do que isso, ele contribuiu para que houvesse um atentado contra a minha vida”, afirmou o presidente, reforçando a seriedade do caso.
Ao abordar a tentativa de Bolsonaro de pleitear anistia antes mesmo do julgamento, Lula foi incisivo:
“Pedir anistia antes do julgamento é o mesmo que confessar culpa. Se ele fosse inocente, não precisaria temer a justiça”, disparou.
O presidente enfatizou que a Suprema Corte tem conduzido um processo rigoroso, baseado em meses de investigações detalhadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.
“Ninguém está perseguindo Bolsonaro. O que está acontecendo é o Estado de Direito funcionando”, afirmou Lula.
Apesar das críticas, Lula reconheceu que Bolsonaro deve ter garantido seu direito à presunção de inocência, algo que, segundo ele, lhe foi negado no passado.
“Eu quero que ele tenha um julgamento justo, que é algo que eu mesmo não tive”, pontuou.
“Ao invés de se vitimizar, ele deveria encarar a realidade. Ele atentou contra a soberania do país e agora precisa responder por isso.”
Relação Brasil-Japão e Acordos Comerciais
Antes de abordar a polêmica envolvendo Bolsonaro, Lula falou sobre a importância da retomada dos investimentos japoneses no Brasil. Segundo o presidente, fortalecer os laços comerciais entre os dois países é essencial para o crescimento econômico.
“O Japão é um parceiro estratégico e queremos aprofundar essa relação. Precisamos que os investimentos retornem com força total”, destacou.
Em tom descontraído, Lula ainda fez uma brincadeira sobre a culinária japonesa:
“Espero que aqui no Japão vocês aprendam a fazer um bom churrasco.”
Críticas à ONU e Expectativas para a COP30
O presidente também aproveitou a coletiva para criticar a estrutura da ONU, cobrando maior representatividade da organização.
“A ONU precisa ser mais eficaz e representativa. O mundo mudou, mas a ONU ainda segue com regras da Segunda Guerra Mundial. Isso precisa mudar.”
Outro tema abordado foi a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá no Brasil em 2025. Lula ressaltou a importância da cooperação internacional para combater as mudanças climáticas e garantiu que o Brasil estará na linha de frente dessa discussão.
Compromissos Internacionais e a Força do Diálogo
Lula encerrou sua fala reforçando seu compromisso em ampliar a participação de diferentes setores do governo nas viagens internacionais, fortalecendo o diálogo com empresários e sindicalistas de diversos países.
“Queremos que governadores, prefeitos e setores produtivos estejam presentes para que possamos abrir novas portas para o Brasil”, concluiu.
Conclusão: O Jogo Político Segue
A declaração de Lula no Japão evidencia que o embate político entre ele e Bolsonaro está longe de acabar. Enquanto o ex-presidente enfrenta o STF e tenta se defender, Lula segue sua agenda internacional, buscando consolidar a imagem do Brasil no cenário global. O desfecho desse caso promete impactar diretamente o futuro político do país.